A arte de palavrear

E mais "O nascimento de um existencialista".

Revista Conhecimento Prático FILOSOFIA - Ed. 17, 2009.

Pelo fim da anestesia política

Revista Conhecimento Prático FILOSOFIA - Ed. 16, 2009.


A era do (des) conhecimento

E mais "Morrer, e depois?"

Revista Conhecimento Prático FILOSOFIA - Ed. 15, 2009.

Militância Jovem: o Fim da Anestesia

Trabalho de Conclusão de Curso (2007). A reportagem foi publicada, posteriormente, pela revista Conhecimento Prático FILOSOFIA com outro layout.


Vídeorreportagem - Benedito Calixto

Vídeorreportagem feita por Carol Thomé e Isabella Meneses durante o curso de Jornalismo da Universidade Anhembi Morumbi.

Um artista para muitos gostos

Cercada de restaurantes, bares e lojas de decoração, a Praça Benedito Calixto se transformou no ponto de encontro dos modernos e dos amantes de antiguidades.
O nome da praça localizada no bairro de Pinheiros é uma homenagem ao artista plástico e historiador Benedito Calixto de Jesus, o que parece casar bem com tudo o que o local oferece.
Yafim Pieczynski, comerciante e expositor da feira, compra muita mercadoria que muitas vezes nem chega a ser vendida aos freqüentadores. “A gente acaba comprando muita mercadoria e vende para os próprios comerciantes, no mesmo dia”. Ele conta a história de um pequeno broche de estimação que todos os seus colegas cobiçam, mas que por mais que o artefato seja estranho, ele não vende.


Sempre aos sábados, das 10 da manhã até o cair da tarde, o quarteirão inteiro é tomado de gente de diversos estilos. Há quem vá para conferir as novidades expostas pelos artesãos e há quem prefira passar pelas barracas de comidas típicas. “A feira agrada em todos os sentidos, agrada a barriga e o bolso também, diz Ana Maria Arcieri, aposentada.
Para o doceiro conhecido apenas como Seu Obeny, trabalhar com o alimento para seres humanos exige amor, carinho e respeito. Sua barraca já foi mencionada no Guia de Paris do ano 2004 com os dizeres: “quando estiveres em São Paulo, visite a Feira de Arte, Cultura e Lazer da Praça Benedito Calixto e não se esqueça da barraca de doces do Obeny”. Realmente não deixe passar essa oportunidade e não resista ao brigadeiro com baba de moça, uma tentação!


Os amantes da música não ficam de fora dessa atração paulista. O projeto “Chorinho na Praça” acontece há quinze anos e atrai gente de todas as idades. O conjunto atual é formado por Angélica na clarineta, o Rodolfo no bandolim, o Seu José no cavaquinho e Seu Wilson no violão. Dona Ana Maria recorda: “há muito tempo atrás, já tinha música e hoje eu vim escutar mais um pouquinho”.


A “Benê”, como é conhecida pelos freqüentadores, também é considerada uma ponto de referência cultural da cidade de São Paulo. O artista de rua, Guilherme Folko afirma que no meio da “babilônia” ele pode trabalhar, porque há pessoas de vários tipos. “Tem aqueles que odeiam os palhaços de rua e aqueles que adoram e que ficam super empolgados”. De acordo com ele, isso é bom, mas é necessário sempre variar e procurar novos lugares.


Para Felipe Américo, aeroviário e freqüentador esse não é apenas um programa para casais: “É pra todo o tipo de público. Interessa a todos”.
Nesse lugar, a nostalgia e a modernidade habitam o mesmo espaço e atraem o mesmo público. Com tanta diversidade a Praça Benedito Calixto é uma ótima opção para um sábado divertido.

Agora se veste rock’n’roll

Que moda e música andam juntas, muitos já sabem. Agora, mais do que nunca, pode se dizer que moda é música. Com o estouro do rock alternativo, muitas pessoas adotaram o som não só para os momentos de descontração, mas também para fazer dele um estilo de vida.
Camilla Camargo, 22 anos, estilista, acredita que a moda escolheu o rock como inspiração, por ser o movimento musical mais ligado à liberdade, rebeldia e juventude e por estar sempre questionando os valores da sociedade.
Para o designer Felipe Muniz, 21 anos, “a atitude que a moda rock representa é a inovação em tendências. É o modo ‘desencanado’ de se vestir, algo bem despretensioso, que agrada”.
Nessa nova onda, os menos radicais, visualmente falando, são os que vestem o rock como ideologia, porém, não acham que isso deve ser levado em conta como uma “vitrine”. É o que comenta o publicitário Luis Felipe Moreira, 28 anos: “eu amo o rock. Sei que entendo dele e não é de hoje. Não preciso ficar me vestindo como um autêntico pop star para provar isso”.

O visual

Os mais exaltados com a nova moda usam e abusam. São tachas, muito couro, jeans rasgados, camisetas de bandas customizadas. Para as mulheres, uma novidade, o salto alto. “Eu não quero ser uma roqueira maloqueira com calças caindo e de coturno. Quero que me vejam como uma menina do rock sexy”, diz Mariana Delgado, 17 anos. A minissaia e a meia-calça tipo arrastão são as grandes parceiras dessas garotas que fazem de tudo pela aparência.
Para os meninos, a receita não mudou muito: as camisetas ainda têm estampas de bandas. Com a onda do metrossexualismo, presente em todo lugar, elas podem ganhar um brilho extra. Os jeans, rasgados ou não, podem ser largos (para aqueles que se ligam mais no rock estilo heavy metal) ou então justérrimos, para quem adota o visual mais Ramones ou Iggy Pop!
Agora, o que uma pessoa precisa para vestir o rock? Gostar muito e entender o movimento é essencial. Nisso Muniz concorda com Natalia Ferreira, 23, gerente da loja Cavalera do Morumbi Shopping, em São Paulo. Para ela o visual não pode ser uma coisa fútil, tem que ter profundidade.
Edinho Ramalho, 36, gerente da Colcci, também do Morumbi Shopping, acha essencial ter muita personalidade para se sobressair. “É preciso atitude para segurar a onda”. Afinal, muitas vezes você pode se deparar com alguém vestido igual a você e nessa hora é necessário um diferencial.

Coleções

A coleção outono/inverno da Cavalera é toda inspirada no filme Metrópole (Fritz Lang, 1926), e traz uma modelagem baseada no rock: jeans secos, bem afunilados, camisetas ‘molinhas’ e justas, mas com um pouco mais de sofisticação. Já a Colcci vem com uma coleção desleixada e “sujinha”, como observa Edinho. As cores são mais desbotadas, as calças mais escuras. Dessa vez “a natureza é a referência”. Há muito minimalismo nas peças e a continuidade com a modelagem do rock prevalece.
Se você prefere dizer não às marcas famosas, uma novidade que está fazendo sucesso é a venda de roupas de pouca tiragem em casas noturnas como a Milo’s Garage, a Matrix e, futuramente, a DJ Club, da qual Felipe Muniz será um dos estilistas.
Os donos dessas casas noturnas estão cedendo espaço para novos estilistas divulgarem suas marcas. Eles fazem as roupas e as vendem na balada. O que já era comum em bares que vendem camisetas e canecas é agora receita de sucesso para os amantes da música.
Uma coisa é certa: seja qual for a vertente do rock escolhida por seus tímpanos, haverá uma loja, ou uma marca para representar esse gosto em suas roupas, caso você deseje gritar isso aos quatro ventos.


Para não passar vergonha
Se você quer vestir as influências do rock, é melhor procurar entender do que está falando. Ops, do que está vestindo. Não queira correr o mesmo risco de Mateus Brandão, 18 anos, irmão de Felipe Muniz: ele adorava pegar emprestadas as camisetas de Muniz, principalmente as do Sonic Youth, Velvet Underground. Um dia, Felipe questionou: “o que você vai dizer se te perguntarem algo sobre essas bandas que você leva no peito?”, e ele respondeu: “sei lá!”. Não é legal querer aparentar o que você não é (e isso vale para tudo na vida). Portanto, se você divulga alguma coisa, saiba, sempre, do que se trata.


Tá na moda ser triste
Você já ouviu falar em EMO? É a nova febre, “como foi o grunge e o metal”, diz Felipe Muniz. A palavra tem origem no termo “emotional hardcore”, mais uma vertente do rock que adiciona às suas letras um tom prá lá de melancólico. Algumas das bandas desse movimento são Hot Water Music, The Get Up Kids e Sunny Day Real State.
O visual e as atitudes de um EMO não fogem desse tom de tristeza: cabelos coloridos cortados com franjas que cobrem os olhos; maquiagem escura, dando ênfase aos olhos (alguns escorrem água para que o delineador borre e dê uma aparência de choro), e roupas, na maioria das vezes, exageradas com muitas cores claras como o azul e o amarelo bebê. Outra característica é o uso excessivo de elementos básicos do rock: tachas, bottons, lenços e munhequeiras. Além desses acessórios mais radicais, entram na brincadeira mochilas de ursinho, estampas e band-aids de desenhos animados. Tudo muito fofo!
A nova onda, que tem contagiado adolescentes do Brasil, traz esse estilo próprio e uma nova linguagem, com palavras no diminutivo que soam de forma meiga e infantil.
Muniz acrescenta que financeiramente esse é um público com ótimo potencial econômico e dá uma dica àqueles que trabalham com moda: “o preconceito deve ser deixado de lado ao lidar com essa tribo”.


Nos embalos do iê iê iê
O movimento MOD foi criado pelos ingleses da classe operária, na década de 60, e tem como principal alicerce a música negra, como o R&B e a Soul Music. Um dos aspectos mais chamativos dessa tribo é a estética. Os MOD’s andavam de lambretas e se vestiam com roupas bem alinhadas. Eles gastavam praticamente todo o salário em ternos italianos ou tailleurs e em discos dos seus ídolos. Os cabelos eram excepcionalmente bem cortados, já que a aparência era o grande mote do grupo.
Os jovens ingleses absorveram essas tendências dos anos 60 e 70 e continuam adeptos a essa tribo. Aqui no Brasil muitos já aderiram a essa filosofia de vida. Hoje, o MOD abrange também a classe média. Para Alberto Zioli, 24 anos, monitor de call center, vocalista da banda de rock psicodélico Transistors e organizador da Festa Mod que acontece às primeiras quintas-feiras de cada mês no Vegas Club, o conceito da Modern Generation ainda tende a aliviar o dia-a-dia dos que trabalham arduamente, já que é uma forma de diversão rica em conhecimentos musicais e visuais no que diz respeito à moda, decoração e design.
Se os fãs de rock não saem de casa sem o cabelo cuidadosamente bagunçado e jeans agarrado no corpo, os MOD’s não abandonam o corte da franjinha ou pecam no comprimento do terno.
Para saber mais: “The Originals. Sangue nas ruas”, de Dave Gibbons (Conrad Livros, R$35,00). A história em quadrinhos conta a história dos MOD’s e de sua tribo rival, os rockers.


Reportagem escrita para Revista IC - Identidade Criativa da Universidade Anhembi Morumbi em 2006.